“A Comédia dos Erros” é considerada a primeira e mais curta peça do dramaturgo William Shakespeare estreando nos palcos em 28/12/1594 (festejos natalinos dos estudantes de direito em Gray’s Inn, Londres) e publicada somente em 1623 (no First Folio da obras completas). A peça teatral do gênero cômico tem seu enredo inspirado na obra do comediógrafo romano Plauto “Os Gêmeos” (“Os Menecmos”) e se desenrola em torno das confusões provocadas por dois pares de gêmeos.
RESENHA
SHAKESPEARE, William. A Comédia dos Erros (peça em cinco atos). Trad. Barbara Heliodora.
Ed. especial (Saraiva de Bolso). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.
Elderson Luciano Mezzomo[1]
“A Comédia dos Erros” é considerada a primeira e mais
curta peça do dramaturgo William Shakespeare estreando nos palcos em 28/12/1594
(festejos natalinos dos estudantes de direito em Gray’s Inn, Londres) e
publicada somente em 1623 (no First Folio
da obras completas). A peça teatral do gênero cômico tem seu enredo inspirado
na obra do comediógrafo romano Plauto “Os Gêmeos” (“Os Menecmos”) e se
desenrola em torno das confusões provocadas por dois pares de gêmeos.
Egeu, um mercador de Siracusa, é condenado à morte em
Éfeso por ter cruzado a fronteira entre as duas cidades rivais. Próximo da hora
da execução, Egeu conta a sua história ao duque de Éfeso chamado Solinus que
substitui a pena de morte por um resgate de mil marcos. Em consequência de um
naufrágio corrido 25 anos antes, Egeu e a sua família (sua mulher, os dois
filhos gêmeos e ainda dois escravos também gêmeos) tinham-se separado. Um dos
filhos e um dos escravos tinham permanecidos com Egeu, mas tinham perdido o
rasto dos outros e Egeu se dirigiu a Éfeso na esperança de encontrá-los. Sem
que Egeu saiba, também o filho e o escravo (Antífolo e Drômio de Siracusa), que
sempre viveram com ele, se encontram na cidade com o mesmo objetivo. Adriana,
casada com Antífolo de Éfeso, confunde-o com o irmão de Siracusa e arrasta-o
para casa. Pouco depois Antífolo de Éfeso vê-se impedido de entrar na sua
própria casa. Entretanto Antífolo de Siracusa apaixona-se pela irmã de Adriana,
Luciana, que fica chocada com o comportamento daquele que ela julga ser o seu
cunhado. A situação se complica mais, pois Antífolo de Éfeso é preso por se
recusar a pagar uma corrente de ouro que comprara, mas que nunca chegara a
receber por ela ter sido entregue, por engano, ao seu irmão de Siracusa. Adriana
pensa que seu marido enlouqueceu e recorre a um exorcista, o professor Pinch. Antífolo
de Siracusa e o seu escravo, julgando que a cidade está enfeitiçada tentam
fugir mas, ao sentirem-se ameaçados, refugiam-se numa abadia. Quem acaba por
resolver toda esta confusão é a abadessa, Emília, que é, nem mais nem menos,
que a esposa desaparecida de Egeu e mãe dos gêmeos. Antífolo de Éfeso
reconcilia-se com Adriana; Egeu é perdoado pelo duque e reúne-se com sua
esposa; o Antífolo de Siracusa recomeça a perseguição romântica a Luciana, os
Drômios ficam felizes por terem irmãos e todos acabam felizes.
Apesar de
ser uma comédia, a peça introduz
várias considerações em seus diálogos abordando temas como: a condição feminina, o ciúme no
casamento, a condição servil, a honra dos credores e devedores, administração
da justiça e compaixão pela autoridade política e a busca pela identidade
própria. Comparando a peça de Shakespeare com a de Plauto, é evidente a
diferença de tratamento quanto às personagens femininas, que, em “A Comédia dos
Erros” recebem nomes, (tratamento dado também aos servos), mostrando a
valorização e respeito devido aos personagens pelo autor. Mesmo sendo um gênero
(cômico) que visa entreter, Shakespeare utiliza-o como meio para abordar
assuntos mais “sérios”, de forma magistral, constituindo-se temas de vanguarda
(na época), sendo que alguns ainda mantém sua contemporaneidade em nossos dias.
[1]
Especialista em Gestão Bancária e Negócios pela ESAB-Escola Superior Aberta do
Brasil, Especialista em Gestão em Auditoria e Perícia Ambiental pela AJES-Faculdade
do Vale do Juruena, Licenciado em Pedagogia pelo IFPA-Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Pará, Bacharel em Administração
pela FASIP-Faculdade de Sinop e Bacharel em Teologia pelo SETECEB-Seminário
Teológico Cristão Evangélico do Brasil.