Pular para o conteúdo principal

RESENHA: RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL DO APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO BELO MONTE

O Relatório de Impacto Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte de maio de 2009 (realizado pelo consórcio formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht) é composto por 198 páginas que incluem: aspectos gerais do empreendimento, breve histórico, a realidade da região, os impactos ambientais, planos, projetos e programas ambientais e perspectivas para o futuro. Consta ainda sumário, siglário e glossário.




FACULDADE DO VALE DO JURUEMA
PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSO EM
GESTÃO EM AUDITORIA E PERÍCIA AMBIENTAL


Elderson Luciano Mezzomo[1]


RESENHA ANALÍTICA-DESCRITIVA DO:

RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL DO APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO BELO MONTE


O Relatório de Impacto Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte de maio de 2009 (realizado pelo consórcio formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht) é composto por 198 páginas que incluem: aspectos gerais do empreendimento, breve histórico, a realidade da região, os impactos ambientais, planos, projetos e programas ambientais e perspectivas para o futuro. Consta ainda sumário, siglário e glossário.

Inicialmente é exposto que o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) é fruto do EIA (Estudo de Impacto Ambiental) a partir da autorização do Congresso Nacional em 2005. O último EIA apontou algumas alterações que deveriam ser feitas no projeto inicial com vistas a diminuir os impactos ambientais e sociais. Publicou-se também os procedimentos e cronograma de execução, desde os estudos técnicos, divulgação e obras. As questões envolvidas na construção, desde a área a ser inundada (povos atingidos), circunvizinhança até os alojamentos dos funcionários foram descritos pormenorizadamente.

Em seguida é contemplada pelo RIMA a contextualização da região: é descrita geograficamente a bacia do Xingu, as áreas de influência direta (incluindo aqui o meio físico, meio biótico, socioeconômico, comunidades indígenas e suas terras) e as áreas de influência indireta (sua localização geográfica, a flora e a fauna, suas variedades e as cidades).

Os Impactos Ambientais são abordados em quatro etapas: estudos e projetos, construção, enchimento e operação.

Na primeira etapa serão realizados os estudos e serviços de campo cujo impacto será a geração de expectativas quanto ao futuro da população local e da região e a geração de expectativas na população indígena.

A etapa da construção será constituída das seguintes ações: mobilização e contratação da mão de obra (impacto: aumento da população e da ocupação desordenada do solo, aumento da pressão sobre as terras e áreas indígenas, aumento das necessidades por mercadorias e serviços, da oferta de trabalho e maior movimentação da economia), aquisição de imóveis (impactos: perda de imóveis e benfeitorias com transferência da população na área rural e perda de atividades produtivas e perda de imóveis e benfeitorias com transferência da população na área urbana e perda de atividades produtivas), construção de estradas, canteiros e estruturas principais (impacto: melhoria dos acessos, mudanças na paisagem, perda de vegetação e de ambientes naturais, com mudanças na fauna, aumento do barulho e da poeira com incômodo da população e da fauna, mudanças no escoamento e na qualidade da água nos igarapés do trecho do reservatório dos canais, com mudanças nos peixes, alterações nas condições de acesso pelo rio Xingu das comunidades indígenas à altamira, alteração da qualidade da água do rio Xingu próximo ao sítio Pimental e perda de fonte de renda e de sustento para as populações indígenas, danos ao patrimônio arqueológico, interrupção temporária do escoamento da água no canal da margem esquerda do Xingu, no trecho entre a barragem principal e o núcleo de referência rural São Pedro), desmobilização da mão de obra (impacto: perda de postos de trabalho e renda, aumento da pressão sobre as terras e áreas indígenas) e desmatamento e limpeza das áreas do reservatório (impactos: retirada de vegetação, com perda de ambientes naturais e recursos extrativistas).

A etapa do enchimento compreenderá a inundação das áreas para formação do reservatório cujo impacto serão as mudanças na paisagem e perda de praias e áreas de lazer, inundação permanente dos abrigos da Gravura e Assurini e danos ao patrimônio arqueológico, perda de jazidas de argila devido à formação do reservatório do Xingu, mudanças nas espécies de peixes e no tipo de pesca, alteração na qualidade das águas dos igarapés de Altamira e no reservatório dos canais, interrupção de acessos viários pela formação do reservatório dos canais, interrupção de acessos na cidade de Altamira e mudança nas condições de navegação.

Na última etapa, a operação, focaliza a geração e transmissão de energia (com aumento da quantidade de energia a ser disponibilizada para o sistema interligado nacional – SIN, dinamização da economia regional), liberação do Hidrograma de vazões mínimas para o trecho de vazão reduzida (interrupção da navegação no rio nos períodos de seca, perda de ambientes para reprodução, alimentação e abrigo de peixes e outros animais, formação de poças, mudanças na qualidade das águas e criação de ambientes para mosquitos que transmitem doenças, prejuízos para a pesca e para outras fontes de renda e de sustento, aumento da atividade garimpeira e dos conflitos com as populações indígenas) e o Hidrograma ecológico proposto no EIA.

O Relatório expõe também os planos, programas e projetos socioambientais que serão implementados com objetivo de minimizar os danos e evitar outros.

O RIMA foi composto numa linguagem simples, evitando-se termos técnicos e com muitas ilustrações. Percebe-se que o principal intuito é informar a população e convencê-la, que mesmo diante de muitos impactos negativos, os positivos se sobrepujam. Obviamente o IBAMA de posse deste relatório avaliará a possível autorização para implementação do projeto. Mesmo sendo de fácil entendimento (além da linguagem acessível, ainda conta com um glossário e siglário) o conteúdo é extenso (198 páginas) e necessitaria, para a população em geral, de uma versão mais condensada. Quanto aos estudos e impactos, resta refletir que a interferência humana, numa obra com tamanha magnitude trará sim grandes impactos, e caberia, não só ao IBAMA, mas a toda população avaliar se as consequências serão em sua maior parte positivas, pois a maioria será irreversível.



[1] Acadêmico do curso de Pós-graduação lato-sensu em Gestão em Auditoria e Perícia Ambiental (Novo Progresso-PA) pela AJES – Faculdade do Vale do Juruema. Disciplina: Gestão em Avaliação de Impacto Ambiental, Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto do Meio. Professor: Ms Luiz Antonio Solino Carvalho.

Postagens mais visitadas deste blog

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM ENGENHARIA CIVIL

Com a finalidade de descrever as principais atividades realizadas durante o Estágio Obrigatório Curricular Supervisionado em Engenharia Civil, apresenta-se este relatório final em consonância com o Artigo 7º das Diretrizes Curriculares dos cursos de engenharia (Resolução CNE/CES Nº 11/2002) onde estabelece que a “formação do engenheiro incluirá, como etapa integrante da graduação, estágios curriculares obrigatórios sob supervisão direta da instituição de ensino”. Objetivando aplicar os conceitos teóricos aprendidos em sala de aula em um contexto prático, complementar e contribuir com a formação profissional frente aos desafios da sociedade, e desenvolver a capacidade de integrar de forma harmônica conhecimentos, habilidades e atitudes, o Estágio Obrigatório Curricular Supervisionado foi desenvolvido na empresa Construtora e Serviços Rezende no período de 11 de setembro a 18 de outubro de 2019, sob a Supervisão de Campo realizada pelo Engenheiro Civil Bruno Rodrigues Lima (RNP 15

RESENHA DO FILME: ADORÁVEL PROFESSOR

Baseado em fatos reais, o filme “Adorável Professor” retrata a atuação do professor de música Holland, desde a década de 60 até sua aposentadoria nos anos 80. Como última opção de trabalho (por necessidade) inicia seu trabalho no Colégio John F. Kennedy.

ESTÁGIO SUPERVISIONADO II: OBSERVAÇÃO E DOCÊNCIA NAS SÉRIES INICIAIS

Este é um relatório das atividades desenvolvidas durante o Estágio Supervisionado II do curso de Licenciatura em Pedagogia – IFPA. O estágio foi realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Maria Ignês Souza. (...) No contexto da nova abordagem pedagógica, procurou-se preparar aulas diferenciadas que despertassem a curiosidade e atenção dos alunos; a cada dia, percebia-se o interesse cada vez maior e a interação com os assuntos abordados. As atividades dadas em sala de aula, as dinâmicas e exercícios foram realizadas com êxito por parte dos discentes.