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RESENHA CRÍTICO-DESCRITIVA: BREVE HISTÓRICO DAS IDEIAS SOBRE "RAÇA" NO BRASIL. O SENTIDO DO DEBATE RACIAL

Nestes três capítulos o autor aborda a visão de algumas escolas que se debruçaram sobre a teoria racial no século XIX. É apresentada as principais idéias de raça presentes nestas teorias: como produtora de diferenças baseadas na natureza física dos indivíduos e a existência de raças superiores e inferiores. Também se demonstra como essas teorias influenciaram a manutenção da supremacia de algumas nações e o pensamento racial brasileiro.





Resenha crítico-descritiva


(in) Breve histórico das idéias sobre “raça”. Debate sobre “raça” no Brasil.O sentido do debate racial.

Elderson Luciano Mezzomo[1]

Nestes três capítulos o autor aborda a visão de algumas escolas que se debruçaram sobre a teoria racial no século XIX. É apresentada as principais idéias de raça presentes nestas teorias: como produtora de diferenças baseadas na natureza física dos indivíduos e a existência de raças superiores e inferiores. Também se demonstra como essas teorias influenciaram a manutenção da supremacia de algumas nações e o pensamento racial brasileiro.
O pensamento racial norte-americano e europeu foi legitimado pela ciência que serviu de matriz conceitual nesse processo. O debate fundamentado no evolucionismo, em torno de uma idéia “naturalizante” de raça, deu origem a algumas escolas: escola Étnico-Biológica (as “múltiplas raças” eram resultado de mutações e a “raça branca” superior às demais - a moral dependia dos traços físicos e da escala evolutiva), Escola História (a miscigenação era tida como negativa, pois geraria um processo de “degeneração” - a raça ariana é superior às demais, enfatizando o papel civilizador da Alemanha e Inglaterra) e a escola Darwinista Social (somente os mais aptos permanecem no topo da escala, ou seja, os brancos - dá origem a vários estudos, entre eles, antropologia criminal que trata o problema da criminalidade como de origem física e hereditária).
O Brasil foi fortemente influenciado pelas idéias raciais advindas das ciências biológicas. O mestiço é rejeitado como um “tipo indesejado”, pois transmitiria os defeitos das “raças” pela herança biológica. O atraso social é atribuído à presença dos “negros” e a salvação seria a importação de “brancos europeus” que civilizariam a nação, trazendo salvação ao “branquearem” o Brasil. A partir de Gilberto Freire uma nova leitura é feita, onde a miscigenação passa a ser vista positivamente, pois contribuiria para a “democratização social”, promovendo a harmonia social, que levaria à “diluição de outras fronteiras, como a existente entre ricos e pobres, homens e mulheres”, etc. A leitura de Freire cria o “mito da democracia racial” afirmando a igualdade e investindo na negação do racismo, mas acaba mantendo a profundidade das desigualdades sociais e econômicas oriundas do preconceito e da discriminação (pois, elementarmente, não combate a idéia de “raças superiores”, mas tenta transformá-las via miscigenação).
Apesar de sofrer várias definições ao longo da história, o conceito de “raça” continua na pauta do debate. Além do relevante destaque das características positivas do povo brasileiro adquiridas pela mistura (sua cultura), a “raça” é, inclusive, tomada “como um dos elementos acionados como via de acesso às políticas públicas no Brasil”. A própria atuação das lideranças negras que atuam com modelos de positivação da “raça” e da cultura negra revelam a contemporaneidade desse fato.
Esse discurso racial utilizado de forma ideológica pelas nações dominantes não tem mais lugar no mundo contemporâneo. A teoria biológica, em que o indivíduo é condicionado moralmente e intelectualmente pela sua “raça” também é facilmente desqualificado sem grandes esforços. Resta a afirmação social, de que algumas culturas (ainda do ponto de vista Darwinista) são superiores à outras (daí a positivação da “raça negra”)  como último paradigma a ser quebrado. A questão a ser levantada é esta: será que a melhor e superior raça, não seria de fato, a “raça humana”???? Pois qualquer outra classificação “racial” é artificialmente imposta!


[1] Acadêmico do 1o. semestre do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia pela IFPA – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará. Disciplina: Relação Ético Racial. Professor: José Edinaldo da Costa.

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