O filme “Quase Deuses” narra a história de Thomas Vivien (negro) e Dr. Alfred Blalock (branco) numa parceria profissional na medicina, desenvolvendo uma pesquisa importante no hospital Jhons Hopkins sob a égide do racismo.
Resenha analítico-descritiva
(in) Quase
Deuses.
Elderson Luciano Mezzomo[1]
O filme “Quase Deuses” narra a história de Thomas Vivien (negro) e Dr.
Alfred Blalock (branco) numa parceria profissional na medicina, desenvolvendo
uma pesquisa importante no hospital Jhons Hopkins sob a égide do racismo.
É retratada a trajetória de Vivien que vai de faxineiro à Doutor
Honorário, em meio ao preconceito racial dos anos 40 (e seguintes) nos Estados
Unidos. De início, o próprio Dr. Blalock se surpreende com as aptidões do
simples faxineiro (Thomas) que sonha em cursar medicina. Aos poucos, Thomas vai
se desenvolvendo (através de suas aptidões e dedicação) como auxiliar técnico
das pesquisas do Dr. Blalock, até desembocarem num grande avanço na medicina
(em grande parte atribuído ao empenho de Thomas).
A barreira racial entre negros e brancos é exposta desde o início: a
dificuldade de Thomas em ingressar na universidade de medicina (o que acaba
nunca ocorrendo, nem mesmo quando procura uma universidade só para negros), a
falência do banco onde depositara todas as suas economias para cursar a
universidade, a desconfiança dos próprios familiares ao reconhecerem a
discriminação racial na sociedade dominada pelos brancos (a própria esposa
Clara, por vezes é reticente com ele), a remuneração injusta, pois recebia
menos que os de pele “branca” (recebendo “classificação 3” no trabalho, por causa
da raça) e principalmente a discriminação no dia-a-dia, onde por vezes era
confundido, não com um técnico laboratorista, mas com servente ou faxineiro.
Além da discriminação sofrida por Thomas (por ser negro), o próprio Dr.
Blalock, por vezes é envolvido e constrangido pela situação racial. Em vários
momentos é influenciado por este contexto: no início ao admirar-se pela
“capacidade intelectual” de Thomas, outras por ignorar a situação financeira
(salário quase miserável) atribuída a Thomas pela cor da pele, e por fim, a
própria dificuldade em creditar a maior parte do desenvolvimento da pesquisa a
ele.
Após décadas de convivência e amizade entre os dois, a inegável
contribuição de Thomas à medicina e o pós guerra, as situação começa a mudar.
Começa-se, mesmo que timidamente, a reconhecer-se a grande contribuição de
Thomas, que por fim, recebe o título de Dr. Honorário (no fim da vida).
Todo este enredo, entre lutas e desafios, revela o preconceito da época,
ao considerar a raça negra como menos “inteligente” e sem direito à igualdade
social (deveria estar subordinada à raça superior: a branca). Atualmente se
avançou bastante no quesito Direito Civis (nos Estados Unidos) no sentido desta
igualdade perante a lei. Resta ainda verificar se no dia-a-dia há um tratamento
igualitário de ambas as parte, ou se ainda há um racismo velado (ou mesmo
explícito) que precisa ser combatido. O maior contraste no filme não é entre
brancos e negros (pois fica claro que os negros têm o mesmo potencial que os
brancos), mas o fato de a ciência estar tão evoluída, e mesmo assim, os seres
humanos continuarem com comportamentos tão primitivos (como é o caso do
preconceito racial)!
[1]
Acadêmico do 1o. semestre do curso de Licenciatura Plena em
Pedagogia pela IFPA – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Pará. Disciplina: Relação Ético Racial. Professor: José Edinaldo da Costa.