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COTAS "RACIAIS"


Atualmente há a implementação de políticas públicas no Brasil visando reparar o “erro social” em relação aos negros, índios e outras minorias. Entre elas, estão as cotas raciais para o ingresso em universidades públicas federais. Dentro desta discussão cabe avaliar alguns pressupostos e argumentos utilizados, que dão origem inclusive a algumas indagações.




Cotas “Raciais”

Elderson Luciano Mezzomo[1]

Atualmente há a implementação de políticas públicas no Brasil visando reparar o “erro social” em relação aos negros, índios e outras minorias. Entre elas, estão as cotas raciais para o ingresso em universidades públicas federais. Dentro desta discussão cabe avaliar alguns pressupostos e argumentos utilizados, que dão origem inclusive a algumas indagações.
A definição de cotas raciais esbarra num primeiro desafio: existem várias “raças” ou apenas a “raça humana”? (esta é uma discussão que está posta cuja solução ainda não é unânime). Neste quesito como classificar indivíduos como negros ou não? Há duas alternativas: a fenótipa e a genótipa. Negros fenótipos são aqueles que tem características de negros (ex: cor de pele, nariz achatado, tipo de cabelo, etc) mas que na sua carga genética(de seus ancestrais) são majoritariamente brancos (parece negro, mas não é!). Do ponto de vista genótipo, são aqueles que aparentemente são brancos, mas cuja carga genética, são majoritariamente oriunda dos negros. Eis a questão: é possível ou correto classificar (discriminar) indivíduos entre brancos e negros? Como afirmar quem tem direito as cotas dos negros e quem não tem?
Uma segunda questão posta é a de justiça social. Há a necessidade, conforme alguns argumentam, de “pagar a dívida social com os negros que foram escravizados”. As cotas seriam, portanto, uma reparação de um erro social. Daí surgem algumas indagações:
1º. É justo que os “brancos” de hoje paguem uma dívida dos brancos de 400 ou 500 anos atrás? Os “brancos” de hoje são culpados dos erros dos “brancos” de ontem?
2º. Quais “brancos realmente pagarão esta dívida? Pois os brancos pobres e marginalizados são punidos duplamente, pois além de serem pobres e sem direito ao acesso às universidades, tem suas chances diminuídas pelas “reservas das cotas raciais”. Outrossim, os brancos ricos pagam de alguma maneira esta dívida? Eles continuam tendo acesso às melhores oportunidades...
3º. A história explica, mas não justifica! Podemos entender porque a maioria dos negros foram injustiçados socialmente ao analisarmos históricamente. Mas este fato exime o governo da responsabilidade em não oferecer condições para que todos os negros (e os brancos pobres também, por que não?) tenham acesso à universidade através do mérito próprio, por via de um ensino médio decente?
Um último questionamento sobre a política de cota racial, é que ela fortalece a discriminação, pois considera a “raça negra” incapaz de chegar ao nível universitário por méritos próprios, tem que entrar como que “pela porta dos fundos”, dando um “jeitinho brasileiro”, como quem corta a fila e recebe privilégios que aos demais cidadãos são vedados porque não tem a cor da pele correta (a negra). Portanto, esta política, ao invés de corrigir um erro histórico, não está na verdade fortalecendo um pressuposto racial legitimando o racismo?


[1] Acadêmico do 1o. semestre do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia pela IFPA – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará. Disciplina: Relação Ético Racial. Professor: José Edinaldo da Costa.

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